Hoje, 28 de setembro, faz cinqüenta anos da morte de nosso patrono, o militante anarquista, tipógrafo e jornalista por ofício e paixão, Edgard Leuenroth. Edgard trabalhou até o fim da vida com jornalismo, mais que uma profissão, para ele o jornalismo era um meio de militância política e instrumento de organização, propaganda e educação da classe trabalhadora.
Dentre os jornais que criou e editou são notórios os títulos O Trabalhador Gráfico, Folha do Povo, A Luta Proletária, A Lanterna, A Guerra Social, Spartacus, A Plebe entre outros.Em 1903 fundou o Centro Tipográfico de São Paulo e no ano seguinte, transformou-o na União dos Trabalhadores Gráficos. Foi um dos dirigentes da greve geral de 1917, pela qual foi preso, e porta voz do Comitê de Defesa Proletária, órgão da greve.
Participou dos primeiros congressos operários (1906, 1913 e 1920) e da fundação do Partido Comunista do Rio de Janeiro, grupo de tendência libertária que reuniu socialistas e anarcosindicalistas, em 9 de março de 1919. Entre 1917 e 1920, o movimento anarquista encontrava-se em pleno auge e Edgard Leuenroth, um de seus principais líderes, participava dos movimentos grevistas através da imprensa e na rua com discursos inflamados e liderando protestos.
Nesse período colaborou ainda no jornal A Voz do Povo, extinto no final de 1920 quando a imprensa operária passa a ser perseguida pelo Estado. Ajudou a criar o Centro de Cultura Social, vinculado ainda hoje ao movimento anarquista. Impossibilitado de manter o Centro aberto devido à situação política no início do século XX, concentrou seus esforços no sindicalismo.
Teve participação intensa na fundação da Associação Paulista de Imprensa – API (1933) e foi um dos diretores provisórios do Sindicato dos Profissionais da Imprensa do Rio de Janeiro. Na década de 1940 participou do Primeiro Congresso dos Jornalistas de São Paulo e fundou a “Nossa Chácara”, uma tentativa de vivência libertária, em São Paulo. Na década de 1950 participou de diversas atividades como o Congresso Anarquista de São Paulo (1948), o Congresso Anarquista Nacional - RJ (1953), o Quinto Congresso Nacional de Jornalistas – Curitiba-PR (1953), o Primeiro Centenário da Imprensa de Campinas-SP (1958), o Encontro Libertário-RJ (1958).
Em 1963 publica Anarquismo – Roteiro da Libertação Social. Morreu em 1968, após breve enfermidade. Durante toda sua vida colecionou documentos da imprensa operária e anarquismo como parte de um projeto de propaganda e educação dos trabalhadores para a revolução, provocando, incentivando e construindo uma memória dos trabalhadores brasileiros. Após sua morte sua documentação foi adquirida pela Unicamp em 1974, dando origem ao Arquivo Edgard Leuenroth, hoje o maior centro de documentação sobre movimentos sociais do Brasil.